A lendária BR-319: o asfalto na Floresta

Para os amantes do off-road, algumas estradas pelo Brasil são muito exploradas, como é o caso da BR-319. Por isso, trouxemos informações relevantes sobre como é a estrada, que apesar de não ser tradicional, toda de asfalto, como a maioria, ela causa polêmicas e desperta curiosidades.

Antes de mais nada, a lendária rodovia Manaus – Porto Velho, conhecida como BR-319, foi concluída e inaugurada em 1976. A estrada interliga as duas capitais ao longo de 877,4 km, cortando áreas populacionais no Amazonas, passando pelos municípios de Careiro da Várzea (km 13), Careiro Castanho (km 113), Reserva de Desenvolvimento Sustentável – Igapó-Açu (km 260), Distrito de Realidade (km 589) e pela cidade de Humaitá (km 677,5).

Contudo, a BR-319 é a única via terrestre que conecta Manaus com o sul do Estado e o restante do Brasil. Além disso, ela proporciona acesso direto aos municípios de Humaitá, Apuí e, no meio dos dois, Santo Antônio do Matupi (Manicoré), localizado no Km 180 da BR-230 (Transamazônica). A rodovia também conecta Manicoré (que está em precárias condições de manutenção), a bacia do rio Madeira e Lábrea, localizado no rio Purus.

Atualmente, o governo federal está investindo cerca de R$ 170 milhões na recuperação da BR-319, visando melhorar as condições da estrada.

A estrada que une as regiões do país é conhecida como Rodovia de Integração Nacional, e sua negligência tem representado um enorme desperdício de recursos públicos investidos desde sua má concepção na década de 1970. Desse modo, é inconcebível que uma obra de tal magnitude, em termos de comprimento e importância para a economia regional, tenha sido abandonada sem manutenção. Grandes trechos da rodovia, localizados em áreas alagáveis, tornam-se intransitáveis durante o longo período de chuvas do inverno tropical. Agora, essas áreas estão sendo corrigidas por meio de aterramento com pedra britada, que deve evitar futuros alagamentos.

Curiosidades sobre a BR-319

Desde sua inauguração em 1976, a BR 319 tem enfrentado graves problemas de manutenção, resultando em trechos intransitáveis durante a temporada de chuvas na região amazônica. Devido às suas más condições, a rodovia recebe o apelido de “Rodovia Fantasma”, com muitos trechos abandonados e difíceis de percorrer.

A BR 319 possui uma extensão de aproximadamente 885 km, passando por algumas das áreas mais remotas e selvagens da Amazônia. Essa rodovia é vital para a economia do estado do Amazonas, pois serve como uma importante rota de transporte para o comércio e a indústria local.

A construção e manutenção da BR 319 são temas altamente controversos. Alguns argumentam que a rodovia é essencial para o desenvolvimento da região, enquanto outros acreditam que sua construção causou danos irreparáveis à floresta amazônica e às comunidades indígenas que habitam a região.

Precariedade nas condições de trânsito da BR-319

A BR-319 tem muitos trechos com crateras lunares e baixa velocidade. No entanto, há boas condições de tráfego em duas extremidades.

A viagem por essa estrada é longa e cansativa, mas seguindo as orientações de segurança do DNIT, é possível fazê-la com baixos riscos de acidente. Com base no potencial de prejudicar a segurança e a saúde dos usuários que trafegam por ela, a inviabilização da continuidade das obras de pavimentação e recuperação da Rodovia BR-319 pode ter impactos negativos no interesse público.

Em razão disso, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) apresentou um pedido de suspensão contra uma decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), que havia paralisado a licitação para a reconstrução do lote C da rodovia em andamento. O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Humberto Martins, deferiu esse pedido de suspensão com base nesse argumento.

Soluções para o desenvolvimento da Amazônia e da BR-319

A Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000 estabeleceu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (UCs), que inclui as unidades de conservação federais, estaduais e municipais. Essas áreas são distintas por sua fauna e flora e têm como principais objetivos proteger e conservar essas áreas, bem como espécies em risco de extinção, preservar e restaurar recursos e ecossistemas naturais, valorizar a diversidade biológica desses espaços e promover o desenvolvimento sustentável e atividades científicas.

Ao longo da BR-319, o governo do Amazonas criou seis unidades de conservação: o Parque Estadual Matupiri com 513.747,47 ha, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Matupiri com 179.083,45 ha, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Igapó Açu com 397.557,32 ha, a Reserva Extrativista Canutama com 197.986,50 ha, a Floresta Estadual Canutama com 150.588,57 ha e a Floresta Estadual Tapauá com 881.704,000 ha. Essas áreas totalizam 2.320.667,31 ha e são completamente protegidas.

Além dessas unidades de conservação, existem três federais próximas ao rio Madeira, BR-319 e rio Purus: a Reserva Extrativista do Lago do Capanã Grande, uma das unidades de maior potencial positivo no estado do Amazonas, o Parque das Nascentes do Lago Jari com cerca de 812.141 ha, que tem como objetivo proteger a bacia do rio Jari, um importante afluente da margem direita do rio Purus, e a Floresta Nacional do Balata-Tufari com 1.077.859 hectares. Essa última é constituída por quatro áreas: Gleba Balata com 282.781 hectares, Gleba Tufari com 360.168 hectares, Gleba Jacaré com 159.074 hectares e Área 4 com 275.836 hectares.

Com muitos trechos esburacados e praticamente impossível de ter uma velocidade constante, os apaixonados por carro e moto, gostam de enfrentar os desafios da “Estrada Fantasma”. Por um lado, há aqueles que argumentam que a pavimentação da BR-319 seria uma forma de integrar a região amazônica ao resto do país, facilitando o transporte de mercadorias, a circulação de pessoas e a exploração de recursos naturais. Esses argumentos são, muitas vezes, associados a interesses econômicos, principalmente ligados à agropecuária e à mineração.

Por outro lado, há os que afirmam que a pavimentação da BR-319 teria graves impactos ambientais, sociais e culturais. A construção da estrada poderia levar ao desmatamento da floresta, à degradação dos rios e à perda de biodiversidade. Além disso, a BR-319 atravessa territórios indígenas e áreas de preservação ambiental, o que poderia colocar em risco as comunidades locais e seus modos de vida.

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